Outro Espectro

Wikileaks e Mega Não: Algumas reflexões

Posted in Uncategorized by Carine Roos on dezembro 15, 2010

A grande contribuição do Wikileaks trazendo para a realidade local brasileira é pensar o que trazemos de lição ao ler os memorandos dos EUA. A intenção do Wikileaks parece clara, desmoralizar e deixar em situação vexatória o governo norte americano e a diplomacia norte americana. Há uma política escusa que utiliza-se de mecanismos pouco democráticos para fazer valer sua hegemonia política. Essa política é privilegio dos EUA? Podemos olhar no passado recente e no “instante-já”, como diria Clarisse Lispector, exemplos dessa política? O que fazemos da Internet?
A política é uma câmara escura, em sua grande maioria, não temos acesso nem a formação das decisões políticas ou tomadas de decisão, temos acesso apenas ao produto final. É preciso criar transparência na política, como fomentar essas tomadas de decisão que apenas grupos políticos ditam os rumos da sociedade. Nesse aspecto, a discussão sobre o Marco Civil da Internet foi um avanço, que contou com a colaboração da sociedade civil para delimitar um marco regulatório na Internet dando voz aos cidadãos a partir de debates e interações via plataforma. Outros projetos que trazem a participação da sociedade civil na política também surgiram, mas ainda não é suficiente, precisamos avançar ainda mais.
Portanto, há uma realidade política que ela é ainda inacessível, então como visibilizar isso aproveitando o ensejo do Wikileaks? A necessidade de desvendar as entrelinhas da politica perpassa em ter acesso a documentos e políticas hoje pouco acessíveis. Porque não aproveitamos o  momento político do Wikileaks e não pressionamos a abertura dos documentos “sigilosos” no período de repressão da ditadura militar? Uma demanda que foi reprimida e vetada no PNDH-3 por grupos, em sua maioria, conservadores, como militares, ruralistas, igreja católica e a “grande mídia”. Ter acesso a esses documentos é ter acesso aos pormenores da ditadura, ter acesso a nossa história e cultura.
O que está em jogo é o cerceamento da livre informação na rede manifestadas por iniciativas como “Lei Azeredo” e Hadopi. O Wikileaks demonstrou o quanto a Internet pode ser emancipatória e o quanto precisamos reivindicar por ter acesso a documentos que fazem parte da construção da nossa história, o que somos e o que fazemos. A atual conjuntura política com o Wikileaks é propícia para o escancaramento de informações veladas fundamentais.
Aliado a isso, precisamos ver o papel das mídias sociais como de fato um papel de vanguarda, que pressiona e reivindica o acesso a informação e a nossa cultura, o pontapé já foi dado com o Wikileaks, falta agora nossa imposição.