Outro Espectro

Participem da pesquisa sobre Twitter e eleições para governador do DF

Posted in Uncategorized by Carine Roos on setembro 3, 2010

Pessoal,

Estou fechando a minha segunda graduação em Sociologia na Unb e como Trabalho de Conclusão de Curso estou investigando se a rede social Twitter favorece a ampliação do debate político entre os usuários que interagem nessa rede tendo como foco as eleições para governador do DF. Principalmente quem mora no Distrito Federal, participem da pesquisa acessando aqui: miud.in/bkO Quem mora em outro Estado também pode participar. A pesquisa está sendo coordenada pela professora Sayonara Leal do Departamento de Sociologia da UnB. Caso você se interesse pelo resultado da pesquisa, envio para seu email o resultado final. Por favor, ajudem a divulgá-la também em suas redes sociais.

Para mais informações, mande email para: carine.roos@gmail.com

Resposta ao editor executivo da Agência Brasil sobre minha pesquisa

Posted in Uncategorized by Carine Roos on julho 21, 2009

Ontem a tarde, por meio da minha orientadora, Monica Prado, recebi questionamentos do editor executivo da Agência Brasil, Enio Vieira, sobre a minha pesquisa, “As percepções dos jornalistas da EBC sobre mídias sociais”. Como ela está pública na internet, resolvi publicizar os questionamentos levantados por ele com as minhas respostas.
Boa tarde,
Sou editor-executivo da Agência Brasil, ligada a EBC, e tive acesso ao trabalho de Carine Roos. Também fui professor de Jornalismo Econômico no Uniceub, em 2006, e nos conhecemos naquela época.
Gostaria de fazer algumas observações em vista de afirmações feitas pela estudante:

1) A empresa tem algo como 300 jornalistas. Mas foram entrevistados apenas 14, segundo critérios não esclarecidos pela pesquisa. Foi entrevistado o editor-chefe da TV Brasil, mas não foram o editor-chefe ou um dos dois editores-executivos da Agência Brasil. Portanto, a estudante não falou com pessoas responsáveis pela formulação direta de estratégias da Agência.

A pesquisa “As percepções dos jornalistas da EBC” se refere aos jornalistas entrevistados de três veículos: Agência Brasil, TV Brasil e Rádio Nacional Amazônia, dado que foi apresentado várias vezes durante todo o estudo. Portanto, a intenção nunca foi entrevistar todos os jornalistas, mas sim, uma amostra que  pudesse identificar o pensamento dos jornalistas desses veículos. Assim como,  as entrevistas foram feitas conforme a proporcionalidade dos entrevistados da Rádio, Agência e TV. O método e a técnica utilizada foram extensivamente demonstrados e detalhados. Da mesma forma, os conceitos empregados para a interpretação dos dados foi amplamente discutido. A pesquisa foi baseada nos conceitos de Bourdieu de “campo jornalístico” e “habitus”, e a relevância desses conceitos para a comunicação é incontestável. Portanto, utilizei sim critérios na metodologia e le pode ser visto no capítulo “Descrição da Metodologia”. Por fim, Enio  afirma que entrevistei o editor-chefe da TV Brasil e não o editor-chefe e os editores-executivos da Agência Brasil e que também não falei com as pessoas responsáveis pelas estratégias da Agência Brasil. O Eduardo Castro além de ser o chefe da TV Brasil é gerente-executivo de jornalismo da EBC, portanto, alguém com autoridade suficiente para falar da condução de jornalismo da EBC assim como da Agência Brasil.

2)Eu particularmente participo há um ano de discussões de área tecnológica na EBC e sequer sabia desta pesquisa. Ou seja, ela não falou com a pessoa que mais acompanha o tema na Agência Brasil.

Não sabia que o Enio participava há um ano das discussões sobre tecnologia na EBC, encontros esses que não possuem atas e não são públicos para que os cidadãos acompanhem o andamento e o futuro do jornalismo na empresa, fato relevante para a sociedade e objeto da criação da EBC. De qualquer maneira, não era o objetivo e nem o foco da pesquisa.

3)A pesquisa tampouco levou em consideração o estágio tecnológico da EBC. Não se pode pensar que uma agência com 40 mil visitantes diários exija a mesma tecnologia de um blog que tem 100 acessos dia. Há questões operacionais e de gestão que permitem ou não ter uma interatividade com um público grande. Ter jornalismo participativo exige uma plataforma tecnológica de alto custo (sobretudo vídeo e áudio) que ainda está sendo implantada na EBC.

A pesquisa não levou em consideração o aspecto tecnológico da EBC porque não é o seu foco. E a mesma tecnologia de um blogue pode sim ser utlizada em uma página com 40 mil acessos diários como da Agência Brasil, conforme o exemplo de blogues como o Vi o Mundo, do Luiz Carlos Azenha e Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim. Ambos possuem, em média, de 30 a 35 mil usuários únicos por dia, com ampla publicação de arquivos em áudio e vídeo. Ou seja, os dois blogues juntos possuem quase o dobro de acesso da Agência Brasil. Implementar tecnologia não exige altos custos, vide a utilização ampla que hoje é feita em grandes portais de ferramentas como o WordPress, utilizado pelo IG e Globo.com, e que foi base de dois sites da diretoria de jornalismo da EBC em 2008: China 2008 e Eleições 2008. O próprio blogue do Planalto, pronto para ser divulgado, está sendo desenvolvido em WordPress com 1 designer e 1 programador. Portanto, é preciso investimento em tecnologia certa e ter pessoas na área de TI e de conteúdo com visão para comunicação ágil e participativa na Internet.

4)A EBC herdou uma empresa estatal, a antiga Radiobras, cujo manual de redação de 2006 não inclui jornalismo participativo, nem textos opinativos. Os cidadãos do quadro “Outro olhar” na TV Brasil são jornalistas que fazem trabalhos pessoais, produtores de vídeo de ONGs e estudantes de jornalismo. Não se trata-se, portanto, de cidadãos comuns produzindo material jornalístico.

Mais uma vez repito que o foco da pesquisa era compreender a percepção dos jornalistas da Agência Brasil, TV Brasil e da Rádio Nacional Amazônia, apesar disso, é função de uma empresa pública conceber espaço para o cidadão atuar independentemente da data de publicação do tal manual. Quem produz e edita o quadro “Outro Olhar” é um jornalista, mas o conteúdo veiculado pelo quadro é sim realizado pelo cidadão. Isso pode ser verificado vendo o próprio quadro “Outro Olhar” no Repórter Brasil. Além disso, o próprio editor do quadro pode comprovar essa minha afirmação.

5)Há questões de direito autoral que envolvem textos, fotos e vídeos que precisam ser levados em conta ao adotar o modelo de jornalismo participativo. Os defensores do jornalismo cidadão não levam isso em conta e consideram que tudo é “creative commons”. Um material plagiado e falsificado teria implicações desastrosas para uma empresa como a EBC. O trabalho da Carine não toca nesse tema.

Realmente o meu trabalho não toca nesse assunto porque todo o conteúdo veiculado pelo cidadão pode ser considerado como copyleft, nesse caso, “creative commons”. Essa premissa é a base do jornalismo participativo e a própria empresa de comunicação deve estimular o cidadão para criar o seu próprio conteúdo já em “creative commons.”

6)A autora tampouco incluiu as restrições que se fazem ao jornalismo na era de internet, como, por exemplo, podemos ver no úlltimo livro de Caio Túlio Costa. O SMS que serve para mobilizar cidadão são o mesmo que permitem a mobilização dos ataques do PCC em São Paulo em 2005. Ou o livro “O culto do amador”, de Andrew Keen.

A base da pesquisa não está calcada no raciocínio do jornalismo conservador conforme o editor executivo cita como exemplo o livro do jornalista Caio Tulio Costa. Não se pode condenar uma ferramenta como o SMS porque algumas pessoas a utilizam de forma indevida. Sequer o SMS foi citado pois sua construção não permite o jornalismo participativo, uma vez que seu formato, se comparado aos veículos de comunicação convencionais, é o broadcasting, em que a comunicação é   realizada por uma via de mão única. O SMS não é mídia social conforme conceituado na minha pesquisa, já que esta se caracteriza  pela construção coletiva da informação entre emissor e receptor, e que por isso, são igualados em status. Minha pesquisa foi fundamentada em autores sérios, como Dan Gilmour, Pierre Levy, Castells, Ana Maria Brambilla, Marcelo Träsel,  entre vários outros. E retificando, os ataques do PCC foram em 2006 e não em 2005.